quinta-feira, 19 de julho de 2012

Em área militar, terreno do futuro autódromo do Rio é 'campo minado'

Cedido pelo Ministério da Defesa ao Ministério do Esporte para a construção de um novo autódromo do Rio de Janeiro, o terreno até então pertencente ao Comando Militar do Leste terá que passar por uma "descontaminação" antes de atender a fins civis. De acordo com o jornal "O Globo", autoridades militares confirmaram a possibilidade da existência de minas e explosivos no solo, uma vez que o local era usado, desde 1950, para treinamento de soldados no manuseio de granadas e outros materiais bélicos. Foi neste mesmo local que, em junho deste ano, um militar da Escola de Sargentos de Logística morreu e outros dez ficaram feridos em uma explosão em um acampamento, incidente que ainda não foi totalmente esclarecido.
- Se essa informação constasse do documento, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) incluiria uma orientação sobre a necessidade de descontaminação. Mas claro que vamos exigir isso na fase de concessão de licença – disse o subsecretário estadual do Ambiente, Luiz Firmino, esclarecendo que a informação não constava nos estudos técnicos sobre a área encaminhados em 2011 pelo Ministério do Esporte ao governo do estado. Analisado pela Comissão Estadual de Controle Ambiental, o documento serviu de base para a concessão da licença prévia para o projeto.
A notícia pegou de surpresa a Confederação Brasileira de Automobilismo, que havia negociado com a prefeitura e o governo do estado um cronograma de obras no terreno de Deodoro para minimizar os prejuízos da comunidade automobilística local devido ao fechamento do Autódromo Nelson Piquet, em Jacarepaguá. A pista dará lugar a um complexo olímpico, abrigando 15 modalidades nos Jogos de 2016.
- Se isso for verdade, é literalmente uma bomba para o automobilismo. Nós esperávamos que as obras fossem licitadas em dezembro. Vou solicitar os documentos ao Ministério Público. Se houver riscos para o automobilismo, podemos ter que recorrer à Justiça para retardar o fechamento do Nelson Piquet – garantiu o diretor jurídico da CBA, Felippe Zeraik, sinalizando a possibilidade de uma sobrevida ao circuito que fez, no dia 15 de julho, sua despedida da Stock Car.
Antes desta informação vir à tona, a utilização do terreno já era contestada por associações ambientais, sendo alvo de investigações do MP, que chegou a recomendar que as licenças não fossem emitidas. A promotora Rasani da Cunha Gomes, que instaurou inquérito para acompanhar o caso, ressalta a importância de uma inspeção minuciosa em Deodoro.
- Outras explosões já ocorreram no mesmo local no passado. A construção do autódromo naquela área extrapola a discussão ambiental. A liberação dessa área deve ser analisada com muito rigor, não só do ponto de vista ambiental, mas de segurança – disse a promotora.
Em nota, Régis Fichtner, secretário-chefe da Casa Civil do governo do estado – que negocia a realização do projeto com a União – admitiu não saber que houve manuseio de explosivos no local. O Ministério do Esporte não quis não comentar o caso.

Fonte: Globo Esporte

Literalmente uma BOMBA para o automobilismo nacional


Nenhum comentário:

Postar um comentário