Cedido pelo Ministério da Defesa ao Ministério do Esporte para a
construção de um novo autódromo do Rio de Janeiro, o terreno até então
pertencente ao Comando Militar do Leste terá que passar por uma
"descontaminação" antes de atender a fins civis. De acordo com o jornal
"O Globo", autoridades militares confirmaram a possibilidade da
existência de minas e explosivos no solo, uma vez que o local era usado,
desde 1950, para treinamento de soldados no manuseio de granadas e
outros materiais bélicos. Foi neste mesmo local que, em junho deste ano,
um militar da Escola de Sargentos de Logística morreu e outros dez
ficaram feridos em uma explosão em um acampamento, incidente que ainda
não foi totalmente esclarecido.
- Se essa informação constasse do documento, o Instituto Estadual do
Ambiente (Inea) incluiria uma orientação sobre a necessidade de
descontaminação. Mas claro que vamos exigir isso na fase de concessão de
licença – disse o subsecretário estadual do Ambiente, Luiz Firmino,
esclarecendo que a informação não constava nos estudos técnicos sobre a
área encaminhados em 2011 pelo Ministério do Esporte ao governo do
estado. Analisado pela Comissão Estadual de Controle Ambiental, o
documento serviu de base para a concessão da licença prévia para o
projeto.
A notícia pegou de surpresa a Confederação Brasileira de Automobilismo,
que havia negociado com a prefeitura e o governo do estado um
cronograma de obras no terreno de Deodoro para minimizar os prejuízos da
comunidade automobilística local devido ao fechamento do Autódromo
Nelson Piquet, em Jacarepaguá. A pista dará lugar a um complexo
olímpico, abrigando 15 modalidades nos Jogos de 2016.
- Se isso for verdade, é literalmente uma bomba para o automobilismo.
Nós esperávamos que as obras fossem licitadas em dezembro. Vou solicitar
os documentos ao Ministério Público. Se houver riscos para o
automobilismo, podemos ter que recorrer à Justiça para retardar o
fechamento do Nelson Piquet – garantiu o diretor jurídico da CBA,
Felippe Zeraik, sinalizando a possibilidade de uma sobrevida ao circuito
que fez, no dia 15 de julho, sua despedida da Stock Car.
Antes desta informação vir à tona, a utilização do terreno já era
contestada por associações ambientais, sendo alvo de investigações do
MP, que chegou a recomendar que as licenças não fossem emitidas. A
promotora Rasani da Cunha Gomes, que instaurou inquérito para acompanhar
o caso, ressalta a importância de uma inspeção minuciosa em Deodoro.
- Outras explosões já ocorreram no mesmo local no passado. A construção
do autódromo naquela área extrapola a discussão ambiental. A liberação
dessa área deve ser analisada com muito rigor, não só do ponto de vista
ambiental, mas de segurança – disse a promotora.
Em nota, Régis Fichtner, secretário-chefe da Casa Civil do governo do
estado – que negocia a realização do projeto com a União – admitiu não
saber que houve manuseio de explosivos no local. O Ministério do Esporte
não quis não comentar o caso.
Fonte: Globo Esporte
Literalmente uma BOMBA para o automobilismo nacional
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