Neste treino para o GP da Alemanha, a Lotus apresentou uma nova,
curiosa, e bem complexa configuração para seu aerofólio traseiro,
instalado inicialmente no carro de Kimi Raikkonen.
Este dispositivo aparentemente é uma tentativa de “recriar” um efeito
parecido com os antigos F Ducts de 2010. Porém este dispositivo atua
mais no centro e na pequena asa inferior do aerofólio traseiro, e
juntando com os atuais DRS (asa móvel), cria um tipo de “DRS DUCT
DUPLO”.
É um sistema de certa forma bem complexo, cheio de detalhes sutis que
só em um CFD e túnel de vento daria para ver melhor seu pleno
funcionamento. Mas vou tentar mostrar alguns detalhes um pouco mais
visíveis do sistema todo.
Como vejo seu teórico funcionamento:
Foram instaladas duas novas aberturas bem ao lado da entrada de ar acima da cabeça do piloto.
O ar entra por elas (seta verde) e sai acelerado em um novo tubo central
atrás da tampa traseira do motor (setas laranjas). Este tubo desemboca
em um tipo de “bocal curvo” instalado sobre a pequena asa da base do
aerofólio traseiro, que faz a maioria do sistema funcionar. Parte deste
mesmo jato de ar aparentemente é espalhado e dividido (como um leque)
pelo ar dos sidepods (seta amarela) que agora parece sair de uma outra
abertura localizada bem abaixo do novo tubo central, escondida acima da
caixa de marchas, onde é canalizado e jogado para cima pela curvatura do
“RIS” sistema de impacto traseiro (é aquela carenagem onde fica a
lanterna de segurança traseira).
Este efeito de “divisão” ajuda a empurrar o resto do fluxo de ar
também para as grandes aletas laterais do aerofólio (setas laranjas),
além de fazer todo esse fluxo de ar sair mais liso (sem vórtices) da
traseira do carro como um todo, reduzindo assim o indesejado “arrasto”.
Deu para acompanhar até ai? A coisa é meio complexa mesmo, mas vamos
continuar que tem mais coisas aí.
Além disso, parte do ar externo que passa sobre os sidepods e
desemboca no meio do aerofólio traseiro é jogado para cima (setas azuis)
formando outro tipo de “leque”, justamente por aquele “bocal curvo” do
sistema. Esse leque de ar praticamente varre a parte de baixo da asa
superior do aerofólio traseiro jogando o ar bem acelerado por de baixo
dela. Lembra da “pequena asa feixe” que já mostrei aqui? Pois é, esse
bocal curvo também é ela, ou seja, dispositivo dois em um. Genial….
Aí para completar o sistema, foi instalado um “poste centra curvo”,
que aparentemente abriga o sistema de acionamento do DRS e ajuda a
dividir e espalhar o ar acelerado sob a asa superior (setas vermelhas) e
todo o interior do aerofólio traseiro.
Lindo, mas para que essa parafernália toda?
A ideia é acelerar o ar na parte centrar e inferior do aerofólio
traseiro. Isso somado ao sistema superior de DRS, faz com que a asa
traseira “estole” em cima e em baixo (um “DRS DUCT DUPLO”), provocando
assim uma certa perda de pressão aerodinâmica (não só quando o piloto
aciona o DRS, mas também com ele fechado). Perdendo mais pressão
(downforce) traseiro, mais velocidade nas retas e curvas de alta, mais
décimos de velocidade, mais chances de ganhar a corrida.
Tudo isso obviamente é uma suposição, pois apenas quem criou o
sistema é capaz de descrever “detalhadamente” seu complicado
funcionamento e efeitos aerodinâmicos. Mas como isso provavelmente nunca
vai acontecer (pois ninguém é bobo de entregar seus segredos ), então a
gente “tenta” fuçar e contar algumas coisinhas…..
Vamos ver se a Lotus, com esse novo dispositivo, acaba desbancando
seus concorrentes nos os próximos GPS. Principalmente o Sr Adrian, que
já deve estar de olho bem vivo nisso.
Blog do Tazio Link
Nenhum comentário:
Postar um comentário